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quinta-feira, 21 de junho de 2007

Lembrete para Degustações

Em particular para as mocinhas delicadas e muito conscienciosas da aparência: ao sair para degustações de vinhos, favor deixar o vidro de perfume trancado na penteadeira...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Sobre a Qualidade e o Preço - Continuação

Para ler a primeira parte deste artigo, clique aqui.

Vimos rapidamente alguns dos fatores que determinam os custos de produção do vinho, mas antes que o precioso líquido chegue às mãos dos consumidores, há ainda uma série de etapas a serem vencidas.

Antes de tudo, embalagem:
  • Beleza não põe mesa, mas as garrafas mais bonitas com rótulos charmosos e elegantes sem dúvida são convidativas e atraentes. Mas têm um custo.

  • Embora muitas pessoas digam não ligar para embalagem, há fatores objetivos relacionados à ela:

  • Garrafas mais pesadas, de vidro grosso e resistente, dos vinhos de mais alta qualidade, não são simplesmente objetos fetichistas para exibir poder e status: garantem uma proteção eficiente a um vinho que tem potencialmente muitos anos de vida - e um custo elevado demais para se arriscar a quebrar por qualquer coisa.

  • As meias-garrafas, tão úteis para muitos, mas incompreendidas por quase todos, normalmente custam 70% - e não 50% - do valor total de uma garrafa. Os custos de insumos secos, como garrafa, rolha, rótulo, são os mesmos dos para garrafas de 750 ml. Os de mão-de-obra, transporte, taxas alfandegárias, também. Pior: muitas vezes, taxas são acrescidas em função do valor reduzido do produto líquido...
Em seguida, o frete. Muitos dos vinhos que consumimos fazem uma "discreta" viagem até o nosso país. Europa, Austrália, África do Sul...
  • O Chile, que muitos pensam ser vizinho, está na verdade a uma distância de entrega considerável: os vinhos navegam pelo Pacífico até fazerem a volta pelo sul, chegando até nós pelo Atlântico.

  • Trazer vinhos dos Estados Unidos custa mais caro que trazê-los da Europa!

  • A Argentina poderia ser o que se salva, pois está muito próxima geograficamente e recebe um descontinho nos preços por conta do Mercosul, o que nos leva a tratar dos impostos:
que talvez sejam o ponto de maior impacto para o mercado.

Muitos apreciadores, quando têm a possibilidade de fazer uma viagem a um país produtor, se dão conta da IMENSA diferença de preços de lá para cá. Muitas vezes um vinho pode ser comprado com diferenças de até 300%!!!

O que a maioria não sabe é que, antes de pagar ao produtor, um importador no Brasil tem de pagar - além do frete - ao governo.
Fato é que, assim que o vinho entra no porto, o importador tem que pagar à vista, em dinheiro, transferência imediata, pegou-pagou, o equivalente a 115% do valor daquele carregamento!
E, com "valor do carregamento", quero dizer TODO o custo que esteja declarado, somando-se o frete e quaisquer taxas que tenham sido embutidas na nota (vocês não acham que o governo do país de origem ia perder uma boquinha dessas também, não é?).
Não se esqueçam de considerar as diferenças tributárias internas (Minas Gerais e sua famosa "Substituição Tributária") e das distâncias e condições de frete ao reclamar também das diferenças de preço entre os estados!

Comecem a fazer uns cálculos simples e verão que, até que o vinho possa chegar às mãos do consumidor, não há muitas formas de conter os preços com relação ao valor original. Por outro lado, sabendo de que forma se constrói o preço, não somente valorizamos a garrafa que estamos adquirindo como podemos procurar nos proteger de eventuais abusos que o mercado impõe.


sexta-feira, 1 de junho de 2007

Banalização da Complexidade

Revue du Vin de France, edição de abril.
Coluna de Éric Riwer:

"Le Figaro quer 'acabar com a eno-complexidade', a saber, o fenômeno pelo qual os franceses ficam complexados pela sua falta de conhecimento sobre o vinho. Segundo uma sondagem efetuada pelo Ipsos-Afvin, 60% dos franceses confessam não compreender nada sobre vinho.

Isto explica a constatação publicada por Les Échos em um artigo entitulado 'O mundo do vinho faz sua pedagogia'. Gérard Bertrand explica: 'É necessário propor códigos de leitura diferentes [...] para tornar o mundo do vinho mais acessível'. Ele mesmo comercializa vinhos com nomes como 'Viognier Voltigeur' e 'Syrah Canaille'.

Boa idéia ou furada? Eu sou a favor da inovação, mas permaneço surdo aos chamados imbecilizantes das sereias do marketing da tendência fun.

Paralelamente à redação desta coluna, tenho responsabilidades em uma escola de arte. Lá eu me asseguro de que todos os dias a demanda pedagógica exija uma mistura fina de rigor e de estrutura, enriquecidos com fantasia e criatividade. É um trabalho no fio da navalha, que demanda equilíbrio e exigência, mas em que a vertigem não está nunca muito longe. Querer reduzir o aprendizado de uma arte ou de um mundo complexo a noções simples que tocam a superficialidade me parece roubar no xadrez.

Não se deve banalizar um mundo rico, pleno de sentidos e de sensações. Ele deve permanecer um prazer. Como diz a jornalista Jacqueline Friedrich, 'o mundo do vinho é talmente interessante que, quanto mais se aprende, mais tem-se vontade de aprender. O vinho abre todos os tipos de janelas'."

Por coincidência - ou talvez não - três cartas da seção de correspondência da mesma edição respondiam a algum leitor que na revista anterior tinha se manifestado a favor de simplificar as etiquetas. Uma delas:

"Eu gostaria de reagir à carta de Fulanô, que julga os vinhos franceses muito complicados. Reduzir o número de informações nas etiquetas é rebaixar a distribuição do vinho à de um produto de supermercado, sem se preocupar com o que o consumidor quer ou procura. Diga aos amadores que pensam que as etiquetas são muito complicadas que eles podem bater na porta de uma adega: eles terão as respostas às suas questões e encontrarão também um serviço real."

Vou esperar pra ver se alguém vai comentar. Tem alguém aí??


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Peripécias Palacescas de um Quase by Bernardo Silveira is licensed under a Creative Commons 2.5 Brasil License.
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